São Paulo faz 456 anos – parabéns querida cidade!


Vista do Parque do Ibirapuera

foto de André Bonacin no Panoramio

O ano passado comemorei o aniversário da cidade de São Paulo com um post sobre a Avenida Paulista, um dos cartões postais da cidade. Hoje escolhi outro cartão postal, para homenagear São Paulo vamos falar um pouco do parque mais querido dos paulistanos, o Ibirapuera, que recebe cerca de 20 mil visitantes de segunda a sexta, 70 mil aos sábados e 130 mil aos domingos.

foto de Joilton Obom no Panoramio

área onde seria implantado o Parque do Ibirapuera em 1890

foto do website saopaulominhasmenorias.blogspot.com

Ali, antes de 1954, quando a cidade comemorou 400 anos, era uma grande várzea com pouca vegetação, e no ano anterior, com a criação da Comissão do IV Centenário, grupo de pessoas – cidadãos e funcionários públicos – que coordenaram os trabalhos de organização dos festejos do aniversário da cidade, resolveu-se que naquele local seria implantado um grande parque público, idéia que já vinha sendo discutida pela Câmara Municipal desde o final do século 19, e Francisco Matarazzo Sobrinho – o Ciccillo – presidente da Comissão,

“encomendou ao arquiteto Oscar Niemeyer os projetos dos edifícios que deveriam compor o Parque do Ibirapuera. Niemeyer convidou para integrar sua equipe os arquitetos Hélio Uchoa, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Melo, Ícaro de Castro Melo e, como colaboradores, Gauss Estelita e Carlos Lemos. Para a concepção paisagística, Roberto Burle Marx seria o responsável, no entanto, “seu projeto não foi levado adiante” , tornando-se responsável pelo desenho o engenheiro agrônomo Otávio Augusto Teixeira Mendes, membro da Comissão do IV Centenário” (Wesley Macedo e Miriam Escobar em texto no portal Vitruvius – para ler o artigo na íntegra clique aqui)

Maquete do projeto original – 1951

imagens acima e abaixo do website saopaulominhasmemorias.blogspot.com

Maquete do projeto aprovado – 1953

Veja da esquerda para a direita o Prédio do Detran, o Prédio da Bienal, a marquise do MAM, a Oca, o Auditório, o Prédio que era da Prodam e o Prédio do Museu Afro-Brasileiro

mapa do Parque – O prédio do ex-Detran, que será incorporado ao Parque, ficou fora desse mapa

Wesley Macedo e Miriam Escobar, que estudaram o traçado do Parque Ibirapuera, fazem menção a sua semelhança com o parque inglês, em especial com o Hyde Park, por seu traçado sinuoso, pelas extensas áreas gramadas e pelo plantio da vegetação em maciços paralelos ao sistema viário interno.

Mas o parque não ficou pronto para a comemoração do aniversário da cidade.

“Apesar de todos os esforços visando inaugurar o parque em 25 de janeiro de 1954, data do IV Centenário de São Paulo, isto somente viria acontecer em 21 de agosto de 1954 (Aniversário do Parque do Ibirapuera, data em que foi entregue à população). Na ocasião, 13 Estados e 19 países estiveram presentes na festividade montando 640 estandes. Um dos participantes, o Japão, chegou a construir uma réplica do Palácio Katura, com material importado e que é uma das atrações hoje do Parque, hoje chamado de Pavilhão Japonês.” (website SampaArt)

Os edifícios do Parque foram projetados por Oscar Niemeyer, e fazem o maior conjunto de edifícios do arquiteto no mesmo espaço urbano. Com uma área de quase 1,6 milhão de m², o parque tem quadras esportivas, trilhas e pistas para caminhadas e corridas, um viveiro municipal – o Manequinho Lopes, uma grande área gramada – a Praça da Paz – onde acontecem eventos como os shows de domingo, e o conjunto de prédios de Niemeyer.

O Prédio do Detran, fazendo frente para a Avenida 23 de Maio, liga-se ao Parque por uma passarela de pedestres, e lá será instalado em breve o Museu de Arte Contemporânea – MAC, que hoje encontra-se na USP.  O prédio será reformado para abrigar o Museu, e um projeto de adaptação de Oscar Niemeyer acabou gerando muita polêmica, e não foi aprovado pelo CONPRESP, o Conselho de Preservação do Patrimônio do Município.  A idéia de Niemeyer era que os vidros da fachada dariam lugar a uma superfície branca, adornada por uma rampa externa vermelha e uma escultura, também em vermelho. Na parte de trás do edifício, Niemeyer projetou uma extensão em meia lua, como se engravidasse o prédio. Esta extensão circular de 30 metros quadrados com um enorme pé direito, de 20 metros de altura, seria usada para abrigar exposições temporárias, grandes instalações ou performances.

Prédio do Detran ao fundo e passarela que liga o prédio ao Parque do Ibirapuera

foto de thealex87 no Panoramio

prédio do Detran

foto de Marcio Fernandes – agência Estado

Projeto de Niemeyer para a reforma do edifício

O Conpresp recomendou a reconstituição e recomposição do fechamento externo de esquadrias do prédio, conforme a construção dos anos 50, a redução do volume dos blocos de circulação vertical e a adoção de soluções que dêem transparência ao trecho do bloco situado entre o nível do solo e a laje do primeiro pavimento. O Conselho também adotou diversas diretrizes para o projeto, como a permanência do fechamento dos caixilhos na posição atual, a inversão dos blocos de circulação da posição de elevadores e escadas para obter-se um maior afastamento das empenas cegas.

O Pavilhão Ciccillo Matarazzo foi construído em 1957, abriga o prédio da Bienal de São Paulo, local onde acontecem vários eventos, além da Bienal de Arte de São Paulo. O Pavilhão da Bienal é um espaço que sedia alguns dos acontecimentos mais importantes de São Paulo.

O primeiro grande evento que abre o calendário anual da capital paulista acontece lá. É o São Paulo Fashion Week, que reúne os nomes mais quentes da atual moda brasileira e traz para a cidade uma verdadeira constelação de modelos e está incluído no calendário oficial e mundial de moda. Também no espaço alternam-se, ano pós ano, outros dois eventos de peso: nos anos pares, a Bienal de Artes, e nos ímpares, a de Arquitetura. O prédio tem um pé direito de mais de 7 metros de altura, e foi construído em concreto, ferro e vidro.

Prédio da Bienal visto da arena

esta foto e as duas seguintes são de Pedro Kok e estão na sua página no Flickr

parte do prédio fica sobre pilotis e uma de suas fachadas tem brises-soleil numa solução que segue o 5 pontos da arquitetura de Le Corbusier

a entrada principal do edifício e a marquise, que o liga aos outros edifícios do Parque

2º andar do prédio da Bienal

foto (essa e a seguinte) de Dominique Paini

No meio do edifício um grande vão que permite uma visão dos 3 andares

a rampa e os andares e suas formas escultóricas, tão caras a Niemeyer

foto de Stablito na wikipedia

a fantástica rampa de acesso aos andares – agência Estado

O pavilhão Lucas Nogueira Garcez, ou Oca, já abrigou o Museu da Aeronáutica, o Museu do Folclore , foi reformado há alguns anos e hoje é um espaço de exposições temporárias. O espaço de rampas sinuosas e pisos subterrâneos é usado para receber megaexposições. Por lá já foram vistas obras de Pablo Picasso e a antológica exposição Brasil 500, que comemorou no ano 2000 o quinto centenário do descobrimento do país. além da exposição 5.000 anos de civilização chinesa, que trouxe vários tesouros artísticos do país, inclusive os Guerreiros de Xi’an. É um dos edifícios mais emblemáticos do Parque.

A Oca cercada pelos caminhos em curva e pela marquise

a Oca – foto de Dornicke de 2008 na Wikipedia

Exposição de Frans Krajcberg na Oca

foto de Emerson R Zamprogno no Panoramio

uma vista do interior do edifício

A Marquise e sob ela o Museu de Arte Moderna de São Paulo, também são duas construções simbólicas, muito presentes no cotidiano da cidade. O Museu da Arte Moderna foi fundado em 1948 por Francisco Matarazzo. O MAM inscreve-se na história cultural da América Latina como um dos primeiros espaços de arte moderna do continente. Seu acervo tem cerca de 4 mil obras de arte contemporânea brasileira, entre elas pinturas, esculturas e gravuras.

Museu de Arte Moderna – 2008 – foto de Dornicke na Wikipedia

Foto de Juliana Reis no seu site

A marquise – muito usada pelo pessoal do skate – Foto de Caio Pimenta

O pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira, antiga seda da Companhia de Processamento de Dados do Município – Prodam, agora está vazio, mas deve em breve abrigar mais um museu da cidade.

o antigo prédio da Prodam

foto do site http://www.mustabr.com.br

O pavilhão Manoel da Nóbrega, que abrigou uma repartição da Prefeitura Municipal de São Paulo, hoje é o Museu Afro Brasil. Entre 1990 e 2000 o prédio foi uma extensão da Pinacoteca do Estado, sendo que o Museu Afro só foi inaugurado em 2004.

Museu Afro-Brasil – foto de 2008 de Dornicke na Wikipedia

O edifício mais recente, construído em 2005, é o Auditório, também projeto de Oscar Niemeyer e previsto no plano inicial. Como projeto novo do arquiteto, traz uma outra linguagem, e também se destaca na paisagem, com seu contraste do branco com o vermelho.

vista da lateral do edifício com a porta de acesso aberta

foto de Akihito Morita no Panoramio

vista noturna do edifício com sua porta de entrada aberta

foto de ligs no Flickr

O Pavilhão Japonês é um espaço destinado à difusão da cultura do oriente e sua comunidade residente no Brasil. Abriga obras de arte, carpas coloridas e um imenso jardim japonês.

O Jardim Japonês do Ibirapuera – foto de Stella Dauer

O Viveiro Manequinho Lopes consiste num local para lazer diferenciado. Anualmente seus arbustos e mudas são utilizados pela administração pública em jardins e arborização de ruas e avenidas. Entre as espécies encontradas no espaço estão Pau-brasil, Ipê e Tipuana, entre outrasespécies.

Papirus no Manequinho Lopes

foto de Emerson R. Zamprogno no Panoramio

Além disso, faz parte do conjunto, apesar de não estar no interior do Parque o Ginásio do Ibirapuera, local onde acontecem competições esportivas e muitos shows de rock.

De trás para frente os prédios da cidade, o Ginásio e o lago

foto de Emiliano Homrich no Panoramio

E além disso temos a imensa área verde, os lagos, as fontes, todo esse conjunto de lazer e cultura que o Parque do Ibirapuera se tornou nesses 56 anos de existência.

Panoramica do Parque

Foto de Alberto R. Ocroche no site Scrapercity

foto de André Bonacin no Panoramio

foto de Emerson R. Zamprogno no Panoramio

Foto de Fausto Ivan no SampaArt

As árvores

Foto de Fausto Ivan no SampaArt

Foto de Fausto Ivan no SampaArt

Foto de Fausto Ivan no SampaArt

Fonte Milão – foto de Chico Saragiotto no Panoramio

Um Ipê rosa – Foto de André Bonacin no Panoramio

A pista de corrida – foto de Joannis Mihail Mouda no Panoramio

Jogando bola – foto de Emerson R. Zamprogno no Panoramio

O obelisco ao fundo – Foto de Dornicke no Wikipedia

Foto de Caio Pimenta

Foto de Jefferson Pancieri no Panoramio

Foto de Rosa Maria F. S. Farias no Panoramio

Foto de Emiliano Homrich

A fonte do lago – foto de Joannis Mihail Mouda

outra vista da fonte

O parque e as luzes do Natal de 2009 em 2 fotos de Fábio Barros no Panoramio

2 pensamentos sobre “São Paulo faz 456 anos – parabéns querida cidade!

  1. Muito obrigado! O trabalho em organizar as ideias, fotos e o contexto em geral ficou simplesmente fantástico!

    Grato!

  2. as fotos são verdadeiramente deslumbrantes. Mesmo eu que adoro São Paulo, fico impressionada com a beleza mostrada por este olhar

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